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Dialogar ou Castigar?

Escolher frustrar a criança não irá ensiná-la sobre a frustração.

Deixa-la sozinha pensando, também não fará com que ela reveja seu comportamento. Negar o “chororô” e lamentações não fará da criança mais forte.

O sermão jamais levará ao aprendizado concreto.

Quanto mais eu frustro a criança, mais desconcertada ela fica da sua própria sensibilidade, da sua existência e do seu próprio sentir, que é uma parte importantíssima dela.

É possível que essa criança se torne um adulto que irá se submeter a toda a toda violência do mundo, que irá se sentir abalada com as circunstâncias da vida, que poderá somatizar e descontar toda a frustração em comida, em bebidas, em compras, em sexo, em drogas, antidepressivo e tudo que a gente normaliza na sociedade.

O choro, as frustrações, as crises de raiva, tudo isso são saudáveis e são necessárias. E a gente precisa sim ser atravessados por elas.

Nossas emoções existem para nos colocar em movimento.

Quanto mais eu engulo, mais eu silencio as emoções, mais eu adoeço.

Não é sobre uma maternidade certa ou errada, não é sobre uma educação com o objetivo de criar um adulto perfeito e sem sofrimento.

É sobre presença, carinho, amor e conexão.

É sobre mostra que a criança pode ter intimidade com as emoções e com o que sente.

É sobre ser margem para que ela consiga navegar em sua própria correnteza emocional.


Um dia desses… Aqui em casa chegamos aos 7 anos da Anne e da Lara, e eu me sinto muito feliz em poder acompanhar de perto as transformações e descobertas dessa fase tão bonita.

Aos 6 anos a criança passa de seres completamente dependentes para criaturinhas que sabem o que querem e que buscam ocupar o seu lugar no mundo.

Ela começa a “questionar” a autoridade dos pais dizendo coisas do tipo: “Por que eu tenho que fazer isso?”, “Eu não quero fazer”.

Não é sobre questionar a autoridade. A verdade é que nem nós, adultos, gostamos de receber ordens e para a criança, a ordem é um peso.

Essa fase nos convida a rever nossa forma de falar e de enxergar o outro. A perceber que nem tudo precisa ser feito do nosso jeito e na hora que queremos.

Aos 6 anos ela precisa sentir que é considerada e que sua opinião é importante. As brigas passam a ser mais raras e costumam acontecer quando ela sente a sua independência ameaçada, por isso, construir regras juntos e acordos aumentam a colaboração e facilita a vida.

Sentir que é adequado passa a ser importante então você perceberá que o comportamento fora de casa costuma melhorar bastante.

A aprovação dos pais é algo muito importante para a criança e o desejo de pertencimento precisa ser cuidado por nós, criticando menos e encorajando mais.

As amizades começam a ocupar um lugar especial e podem surgir os amigos imaginários, o que é absolutamente normal. Não é sinal de carência, é apenas uma criança de 6 anos, sendo uma criança de 6 anos.

Ela diz coisas para nos agradar, mesmo que isso signifique não dizer a verdade. Então, quando perguntamos quem fez isso? Ela costuma responder o que ela acha que o adulto quer ouvir. É importante ensinar sobre a verdade e honestidade de maneira amorosa e sem questionar o caráter.

Essa fase me motivou a tentar percorrer caminhos que me distanciavam de uma relação de violência invisível. A violência cultural, estrutural, material, social, a violência do tipo que algo que não é violento para mim, pode ser para o outro.

Trouxe para a relação com as minhas filhas uma comunicação de afeto onde eu as vejo e mesmo no papel de responsável eu não me permito invadir o território de cada uma delas.


Publicado em Parentalidade

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