Quem são os seus heróis?
Por que utilizamos a jornada do herói como justificativa para as nossos sofrimentos e conquistas?
*Publicado originalmente no UOL | Papo de Mãe em 23.05.2022
Na nossa sociedade ocidental, temos muitos heróis que passam por sofrimentos absurdos para conseguir conquistar algo maior. Algumas dessas personagens sofreram tantos abusos, passaram por tantos sofrimentos antes de vivenciar um momento transformador que muda a vida deles para sempre. Dos heróis da Marvel&DC aos da Disney, praticamente todos passam por essa evolução histórica.
Isso não é somente uma técnica de marketing da jornada do Herói, isso é uma Cultura e bem presente no Ocidente.
O interessante é que alguns personagens da vida real tem suas histórias contadas sob o mesmo enredo, de desafios e perseguições que precedem uma única vitória homérica. Começam com muito sofrimento, passam por um momento de transformação e alcançam o tão almejado objetivo.
Por que insistimos tanto em focar na sobrevivência como um instrumento de ensino?
Por que muitas vezes nos pegamos querendo olhar para esse enredo de sofrimento para justificar uma conquista ao vivenciarmos a nossa própria história?
Por que querer que uma sobrevivência a um sofrimento justifique de alguma forma que o outro, e não mais só você, precise sofrer para conquistar ou aprender algo?
Como sociedade, erroneamente nós aprendemos e alimentamos essa cultura de que traumas por violência ensinam. Traumas de violência não são instrumentos de ensino. Violência física, psicológica ou verbal, nunca é um efetivo instrumento de ensino. Na verdade, qualquer tipo de violência só é um meio de continuar perpetuando a própria violência.
É sabido pela ciência moderna que boa parte dos transtornos psicológicos tem origem em algum tipo de abuso ou violência vivida por quem sofre do transtorno. Claro que há casos que a origem é alguma condição fisiológica, mas definitivamente esse último fator é a exceção.
Violências visíveis e amplamente reprimidas pela Lei são mais simples de detectar e combater. Mas, a pequena violência, as chantagens e ameaças do dia a dia, as expectativas impostas, o desprezo, a ignorância, o silenciamento de sentimentos, tudo isso é como se fossem gotas de veneno. Pouco a pouco, essas gotas são ingeridas pela mente da vítima, entorpecendo a visão e criando uma cultura profundamente enraizada de que sofrer violência é normal e de que podemos aprender com ela.
Como se ser vitima de uma violência fosse uma condição para ser resiliente e ter sucesso.
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